Nos últimos dias de 2009, o Cinema São Luiz foi reinaugurado, na mesma charmosa esquina da Avenida Conde da Boa Vista com a Rua Aurora, no Centro do Recife, após passar por reforma bancada pelo governo estadual. Já naquela festiva cerimônia, surgiu a crítica: faltava um projetor digital. Passados quase cinco anos e duas licitações sem contratação, uma boa notícia: a Fundarpe conseguiu a verba para contratar a empresa que vai fornecer o equipamento digital para o cinema. O termo de abertura de crédito suplementar em favor da Fundação, garantindo recursos de quase R$ 1,2 milhão, foi assinado nesta sexta-feira (7) pelo governador João Lyra Neto.
A defasagem tecnológica forçava festivais a gastar pelo menos 30% do orçamento cedido por editais públicos com a locação de equipamento para poder realizar o evento no “templo do cinema”, como o espaço é chamado. Foi para alertar para esse problema que cineastas, realizadores e o público que acompanhavam o último dia do Festival Janela Internacional de Cinema do Recife, no último domingo (2), se uniram em um manifesto pela instalação de um sistema de projeção digital no São Luiz. A sessão de encerramento do evento foi interrompida para pronunciamentos e coleta de assinaturas. Uma carta elaborada por associações ligadas à produção audiovisual foi encaminhada ao governo e uma petição online também está incentivando mais participação popular.
A maior preocupação era de que a histórica sala perdesse a sua função por não acompanhar a demanda da indústria cinematográfica, que já decretou o fim da exibição de filmes de 35mm, também conhecido por película, projetados em equipamento analógico como o que o São Luiz tem hoje. “O ato [no Janela] foi uma espécie de chamamento do estado para não deixar chegar ao ponto do Teatro do Parque [também no Recife], que ficou entregue às moscas, se deteriorando, sem receber mais ninguém. Agindo agora, o governo vai economizar dinheiro e manter este importante equipamento cultural em atividade”, explicou o presidente Associação Brasileira de Documentaristas e Curtas-metragens/Associação Pernambucana de Cineastas (ABD/APECI), Pedro Severien, um dos mobilizadores do ato.
O programador do São Luiz, Geraldo Pinho, confirmou que está cada vez mais difícil fechar a programação dos filmes, trabalho que ele desempenha há três anos. “Hoje, a maioria dos filmes à disposição no mercado está em DCP [Digital Cinema Package]. Então, tenho dificuldade grande de trazer filmes para cá. O mais grave é que os filmes produzidos no estado, por meio do Fun cultura, são digitais e eu não posso exibi-los, o que é a maior contradição. Fico muito envergonhado com essa falta de investimento”, lamentou. Pinho explicou que 50% dos cinemas brasileiros já adotaram o sistema digital. No Recife, apenas o Cinema da Fundação, no Der by, está adaptado entre as salas públicas.
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