sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Folclore brasileiro


O folclore brasileiro, segundo o Capítulo I da Carta do Folclore Brasileiro, é sinônimo de cultura popular brasileira, e representa a identidade social da comunidade através de suas criações culturais, coletivas ou individuais; é também uma parte essencial da cultura do Brasil. Embora tenha raízes imemoriais, seu estudo sistemático iniciou somente em meados do século XIX, e levou mais de cem anos para se consolidar no país. A partir da década de 1970 o folclorismo nacional definitivamente se institucionalizou e recebeu conformação conceitual.
Sendo composto por contribuições as mais variadas - com destaque para a portuguesa, a negra e a indígena - o folclore do Brasil é extremamente rico e diversificado, sendo hoje objeto de inúmeros estudos e recebendo larga divulgação interna e internacional, constituindo além disso elemento importante da própria economia do Brasil, pela geração de empregos, pela produção e comércio de bens associados e pelo turismo cultural que dinamiza.
O folclore brasileiro, apesar de suas origens se perderem no tempo, só começou a receber a atenção da elite nacional em meados do século XIX. Naquele período estava em voga o Romantismo, movimento cultural que prestigiava as singularidades e as diferenças, consagrando os vários povos e tradições como objetos dignos de atenção intelectual. Naquele momento, acompanhando a mesma onda de interesse pela cultura popular que crescia na Europa e nos Estados Unidos, alguns estudiosos brasileiros, como Celso de Magalhães, Sílvio Romero e Amadeu Amaral, passaram a pesquisar as manifestações folclóricas nativas e publicar estudos sistemáticos, lançando no país os fundamentos do folclorismo, a disciplina que estuda o folclore, que precisaria de um século para conquistar prestígio no mundo acadêmico brasileiro.1 2 3 4
A partir de um primeiro interesse pelas tradições orais, depois se passou a estudar a música, e mais tarde as festas, folguedos e outras manifestações. Ao mesmo tempo, diversos artistas ligados à elite passaram a empregar elementos da cultura popular na criação de obras destinadas aos círculos ilustrados, como parte de um projeto, estimulado e desenvolvido pelo governo de Dom Pedro II, de construção de um corpo de símbolos nacionalistas que poderia contribuir para a afirmação do Brasil entre as nações civilizadas. As classes superiores nunca foram inteiramente livres da influência da cultura popular, mas obras como por exemplo I-Juca-Pirama, de Gonçalves Dias, e a música de Luciano Gallet e Alexandre Levy deram a temas do folclore brasileiro um papel de destaque na arte culta. Desde então o interesse pelo assunto só cresceu, e em várias frentes.O impulso nacionalista rendeu ainda maiores frutos com o advento do Modernismo, quando o folclore passou a ser visto como a verdadeira essência da brasilidade. Mário de Andrade, um dos líderes do Modernismo brasileiro, foi um grande pesquisador do folclore nacional, procurando colocá-lo em diálogo com as ciências humanas e sociais, que naquela altura nasciam no país.2 Outros nomes influentes ligados ao movimento modernista, como os pintores Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral e o músico Villa-Lobos, também incorporaram elementos folclóricos em suas obras de maneira destacada.5 6 7 Mário teve a oportunidade de agir oficialmente pelo folclore, criando a Sociedade de Etnologia e Folclore quando dirigiu o Departamento de Cultura do Estado de São Paulo entre 1935 e 1938, abrindo cursos para a formação de pesquisadores, onde palestraram eruditos renomados como Lévi-Strauss.8
Na década de 1950 essa movimentação se multiplicou em larga escala, atraindo outras figuras ilustres como Cecília Meireles, Câmara Cascudo, Edison Carneiro, Florestan Fernandes e Gilberto Freire,2 além de estrangeiros como Roger Bastide e Pierre Verger.8 O movimento folclorista nesta época encontrou a consagração institucional maior na Comissão Nacional de Folclore, fundada em 1947 por Renato Almeida, através de recomendação da UNESCO, vinculada ao Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura e à própria UNESCO. No contexto do pós-guerra, a preocupação com o folclore se inseria nas iniciativas em prol da paz mundial. O folclore era visto como elemento de compreensão entre os povos, incentivando o respeito pelas diferenças e permitindo a construção de identidades diferenciadas. Como disse Cavalcanti, o Brasil de então "orgulhava-se de ser o primeiro país a atender à recomendação internacional no sentido da criação de uma comissão para tratar do assunto".2 4 Em 1958 foi instituída a Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, órgão executivo do Ministério da Educação, dinamizando os debates e pesquisas através de comissões estaduais de folclore, e adotando a prática de engajar colaboradores do interior, mesmo que fossem diletantes, uma vez que se considerou que a intimidade deles com a cultura interiorana contrabalançaria a sua falta de especialização profissional.9
Paralelamente à luta pela institucionalização desenvolvia-se um debate a respeito da formulação dos conceitos delimitadores do folclore como uma ciência, o que dependia da libertação do folclore em relação à literatura e à história, que tradicionalmente absorviam o pensamento sobre a cultura popular.9 Mas a tarefa foi em muitos pontos inglória. No relato de Travassos, resenhando ideias de Vilhena,  fonte  Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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